'Não há felicidade senão com conhecimento. Mas o conhecimento da felicidade é infeliz, porque conhecer-se feliz é conhecer-se passando pela felicidade, e tendo, logo já, que deixá-la atrás. Saber é matar, na felicidade como em tudo. Não saber, porém, é não existir.'
FERNANDO PESSOA, O Livro Do Desassossego de Bernardo Soares
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O seu desejo de ser inconsciente (para poder ser feliz) possuindo a consciência de que é inconsciente (sem se tornar infeliz) é um dos grandes desejos de Pessoa patentes nesta afirmação. O poeta acredita que apenas somos felizes quando somos inconscientes, como quando sonhamos, mas esse sentimento apenas permanece em nós se não tomarmos consciência de que ele existe, como afirma o poeta na frase acima 'O conhecimento da felicidade é infeliz (...) tendo, logo já, que deixá-la atrás'.
Pessoa receia a infelicidade por ser consciente, receia a dor de pensar.
O poema 'A Ceifeira' retrata bem o desejo de inconsciência de Pessoa. Toda a simples vida da ceifeira e o seu canto alegre, tendo ela a mísera vida do campo e do luto, são invejados pelo poeta. Ele deseja ser como ela, ser feliz ainda que não saiba que o é, sem ter a consciência que lhe rouba a felicidade.
Assim, sendo o ser humano obrigado a ser lúcido (é-o por natureza), Fernando Pessoa sente-se condenado a sê-lo também, a pensar e a ser, consequentemente, infeliz.
Pessoa receia a infelicidade por ser consciente, receia a dor de pensar.
O poema 'A Ceifeira' retrata bem o desejo de inconsciência de Pessoa. Toda a simples vida da ceifeira e o seu canto alegre, tendo ela a mísera vida do campo e do luto, são invejados pelo poeta. Ele deseja ser como ela, ser feliz ainda que não saiba que o é, sem ter a consciência que lhe rouba a felicidade.
Assim, sendo o ser humano obrigado a ser lúcido (é-o por natureza), Fernando Pessoa sente-se condenado a sê-lo também, a pensar e a ser, consequentemente, infeliz.
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