quarta-feira, 1 de outubro de 2008

'Os nossos olhos são diferentes todos os dias'

Meus amigos, quantas vezes a nossa memória nos leva ao passado? Um passado recente... Um passado longínquo...
Quem, de vós, não recorda um momento delicado? E quem, de vós, reflecte sobre esse momento e o torna a olhar com outros olhos?
Todos temos lembranças de situações que, no momento, nos fizeram sentir, possivelmente, ridículos, ora, hoje, ao recordarmos tal situação, podemos sentir completa imparcialidade a tal situação, outrora ridicularizada.
Acredito que todos tenhamos tido na vida alguém que olhávamos como um todo, mas que, com o passar dos dias, esse todo se tenha tornado apenas uma parte e, quando parámos e olhámos para o presente, esse alguém simplesmente já não existia. Isto acontece pelo facto de nascermos condicionados e inexperientes, nas experiência que é a vida. À medida que crescemos, a visão que tínhamos de cada circunstância, condicionada por capacidades até então não desenvolvidas, vai alargando, vamos adquirindo experiência e vamos olhar para o passado com outros olhos, desta vez, mais conhecedores.
Visualizemos e coloquemos-nos no lugar de uma criança cujos pais faleceram recentemente e, como tal, essa criança vive sob a guarda de alguém, com quem, desde então, desenvolveu afectos e muita proximidade. Chega um belo dia e essa criança descobre que afinal vivia com o assassino dos seus pais e que nele havia depositado toda a sua confiança e amor.
Ora, como iria olhar para esse alguém? Da mesma forma como olhava aquando ignorante da verdade?
Mesmo os mais insignificantes momentos apoiam esta tese.
Decerto que alguns de vós já visitaram a casa de um amigo. Amigo esse que tinha um belo quadro na sala de estar, que, por sinal, os meus caros nunca haviam reparado. Mas, certo dia, quando tornaram a visitar a casa desse amigo, o olharam e elogiaram, sendo ele novo para vós!
Ora, a quantidade de pormenores que nos ultrapassa é incrivelmente assustadora!
É importante 'ver' em vez de, apenas, 'olhar' e é ainda de maior importância sentir o que olhamos porque, algo que nos é indiferente hoje, pode fazer a grande diferença amanhã.